Em um lugar reservado, pudemos ter mais tempo a sós. O
esperei no bosque perto de casa, onde à noite o movimento é escasso e não
corríamos o risco de sermos vistos juntos. Apenas eu corria riscos diversos por
estar sozinha, num lugar pavoroso e silencioso como aquele e ainda com um
vestido cinza, curto, com tiras de amarrar nas costas, deixando-as quase
totalmente expostas e sandálias de salto alto.
(Faltou que alguém parasse o carro e perguntasse quanto
era o programa. Eu não ia estranhar, só que não tinha pensado num valor).
Estava ansiosa em excesso para lembrar de sentir
medo. Cada segundo de espera se tornavam horas intermináveis. Pelo menos ele
não tardou a chegar, considerando o tempo pelo relógio.
Logo notei que estava com aquela expressão bem safada no
rosto, linda, atrativa e meio vagabundo galante, vestido com o jeans preto colado
de sempre, a regata branca que realçava seus músculos que eu tanto
apreciava e andando como os típicos malandros de roda de samba.
Criei coragem e fiz o que havia ensaiado para
enlouquecê-lo logo depois que disse o primeiro oi. Virei de costas...
- Será que você pode
apertar o laço do meu vestido?
A intenção era que Fábio pudesse admirar meu bumbum em
evidência no tecido sutilmente transparente, contornado por uma calcinha fio
dental preta, que ele tanto admirava.
- Uau! Pena que a noite
não dá pra ver direito a transparência desse vestido. Mas a insinuação da sua
calcinha ta atiçando a minha curiosidade. Vem, quero ficar logo sozinho com
você.
Tais elogios despudorados fizeram jus ao que esperava
enquanto me vestia intencionalmente. Sabia que só conseguiria algo dele através
dos seus instintos de homem e não por sentimentos, como idealizava. De qualquer
forma, por quaisquer que fossem os caminhos, já era melhor que nada.
(Recordando que nada ainda é uma palavra em busca de tradução).
Ao terminar de amarrar, o que fez bem devagar, fazendo
questão de alisar minha pele, se aproximou do meu ouvido, encostou sua língua
levemente e falou baixinho.
- Já podemos ir.
Fiquei molhada e zonza
apenas com aquele toque e o bafo quente na minha nuca.
- Aonde vamos?
- Conheço um lugar
discreto onde podemos ficar à vontade.
Sempre me envolvi com homens comprometidos. Como dizia
minha mãe: a amante sempre sai no lucro. Sobra para ela apenas o bom momento,
além de não ter que lavar cuecas. Essa afirmação partia da raiva que sentia das
amantes de meu pai e não confirmando uma teoria que vivenciasse ou tivesse
conhecimentos práticos.
Eu sim aprendia vivendo, precocemente, passo a passo,
sobre cada detalhe vantajoso ou não de ser a filial.
Fui andando ao seu lado como se estivesse nas nuvens.
Considerava que aquilo era amor e por isso me sentia inflada. (Quanta tolice!)
Conversamos coisas banais e esquecíveis, através daquelas ruas desertas e mal
iluminadas. Chegamos num local cercado, com algumas casas, muitas árvores e
também fraca iluminação. Nesse instante, ele parou e foi chegando perto de
encostar os lábios nos meus. Passou a língua, sempre bem lentamente...
- Estamos chegando! - disse enquanto eu ficava nervosa,
mantinha o coração na boca e as pernas bambas. Mal consegui balançar a cabeça
em sinal de sim.
Paramos em frente a uma árvore, num local ainda mais
escuro e o Fábio encostou-se nela. Pegou minhas mãos me puxando para bem junto
de seu corpo, colocando uma perna no meio das minhas. (Será que sabia que
aquilo ia me deixar louca?). Senti sua coxa grossa encostar-se às minhas
virilhas e naquele instante fiquei excitada. Naquela altura dos acontecimentos,
minha calcinha já dava para torcer.
Foi quando me beijou.
Pensei que poderia gozar apenas com o toque dos seus
lábios. Mas os beijos ficaram cada vez mais quentes, a respiração forte e
ofegante. Não conseguia conter os gemidos, muito menos suas mãos que passeavam
pelo meu corpo, dando a impressão de terem se multiplicado. Os meus seios
estavam à mostra e ele os acariciava deliciosamente, com as mãos e com a
língua. Enquanto isso fazia movimentos com os quadris, esfregando sua coxa na
minha buceta, por cima da calcinha, e a minha coxa no seu pau, já, há muito
tempo, ereto.
Apertava a minha bunda com força e chupava meu pescoço,
minha orelha e a minha boca. Quando percebi já estava quase gozando. E Fábio
também percebeu. Me virou de costas, enfiou sua mão por dentro da minha calcinha
e comprimiu meu hímen com o dedo, enquanto esfregava minha bunda no seu cacete.
Mas passou a doer, tive medo de perder a virgindade e meu tesão acabou nessa
hora. Certos homens têm a capacidade de tirar toda a sua excitação com sua
falta de habilidade e sensibilidade.
Ele foi um grosso!
Tirei sua mão de lá bruscamente e Fábio
simplesmente abriu a calça e tentou enfiar em mim. Fiquei assustada!
Havia sonhado tanto com a primeira vez. Travei naquele momento e pude ver em
seus olhos a decepção. Será que ele pode ver nos meus olhos a minha decepção? Se
tivesse visto também não se importaria como me importei com a sua. Não queria
desapontá-lo, mas transar ali, no meio do mato, em pé, ia contra todos os meus
princípios, sonhos e medos.
Para amenizar a frustração, bati uma punheta para ele.
Era a primeira vez que encostava a mão em um pau e acabei sentindo uma repulsa
enorme. Nojo do cheiro de água sanitária que exalava, da textura de carne crua,
das contrações na minha mão, da cor amarronzada e do fato de estar me
submetendo aquilo. Instintivamente, fiz movimentos rápidos de vai e vem,
tentando prestar o mínimo de atenção possível à cena e querendo acabar logo. Para
meu alívio, ele gozou sem demora.
Foi, por conseqüência, à primeira experiência sexual que
me enoja ao recordar. Nem me lembro onde limpei aquela gosma quente, fétida,
esbranquiçada e pegajosa, mas me lembro bem que nos ajeitamos e fomos embora.
Fui com a sensação de ter sido usada (e convenhamos, não
era só uma sensação), mas ainda estava feliz pelos momentos passados ao lado do
homem que era meu príncipe encantado. Podia ter se tornado sapo naquela noite.
Isso teria me poupado de outros momentos frustrantes como aquele. Mas não!
Apesar da sua frieza e de tudo que me fez, eu ainda gostava e muito.
Aos 14 anos, as ilusões nos fazem cometer erros
ridículos, nos apaixonar por caras ridículos e nos submeter as suas imposições, da mesma forma, ridículas.
Eu ainda era uma garotinha, rezando baixo pelos cantos
por ser uma menina má e sem nenhuma malandragem.
Ainda trocamos alguns beijos e carícias ousadas dentro do
frigorífico onde trabalhava, cheirando a carne e sangue de vaca. Mas nunca
achei que ele fosse digno de tirar minha virgindade. Ou o Bruno pode ter sido
mais esperto.
E meu “amor” pelo Fábio acaba quando ele entra na minha
história.