sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Em um lugar reservado, pudemos ter mais tempo a sós. O esperei no bosque perto de casa, onde à noite o movimento é escasso e não corríamos o risco de sermos vistos juntos. Apenas eu corria riscos diversos por estar sozinha, num lugar pavoroso e silencioso como aquele e ainda com um vestido cinza, curto, com tiras de amarrar nas costas, deixando-as quase totalmente expostas e sandálias de salto alto.
(Faltou que alguém parasse o carro e perguntasse quanto era o programa. Eu não ia estranhar, só que não tinha pensado num valor).
Estava ansiosa em excesso para lembrar de sentir medo. Cada segundo de espera se tornavam horas intermináveis. Pelo menos ele não tardou a chegar, considerando o tempo pelo relógio.
Logo notei que estava com aquela expressão bem safada no rosto, linda, atrativa e meio vagabundo galante, vestido com o jeans preto colado de sempre, a regata branca que realçava seus músculos que eu tanto apreciava e andando como os típicos malandros de roda de samba.
Criei coragem e fiz o que havia ensaiado para enlouquecê-lo logo depois que disse o primeiro oi. Virei de costas...
- Será que você pode apertar o laço do meu vestido?
A intenção era que Fábio pudesse admirar meu bumbum em evidência no tecido sutilmente transparente, contornado por uma calcinha fio dental preta, que ele tanto admirava.
- Uau! Pena que a noite não dá pra ver direito a transparência desse vestido. Mas a insinuação da sua calcinha ta atiçando a minha curiosidade. Vem, quero ficar logo sozinho com você.
Tais elogios despudorados fizeram jus ao que esperava enquanto me vestia intencionalmente. Sabia que só conseguiria algo dele através dos seus instintos de homem e não por sentimentos, como idealizava. De qualquer forma, por quaisquer que fossem os caminhos, já era melhor que nada. (Recordando que nada ainda é uma palavra em busca de tradução).
Ao terminar de amarrar, o que fez bem devagar, fazendo questão de alisar minha pele, se aproximou do meu ouvido, encostou sua língua levemente e falou baixinho.
- Já podemos ir.
 Fiquei molhada e zonza apenas com aquele toque e o bafo quente na minha nuca.
- Aonde vamos?
- Conheço um lugar discreto onde podemos ficar à vontade.
Sempre me envolvi com homens comprometidos. Como dizia minha mãe: a amante sempre sai no lucro. Sobra para ela apenas o bom momento, além de não ter que lavar cuecas. Essa afirmação partia da raiva que sentia das amantes de meu pai e não confirmando uma teoria que vivenciasse ou tivesse conhecimentos práticos.
Eu sim aprendia vivendo, precocemente, passo a passo, sobre cada detalhe vantajoso ou não de ser a filial.
Fui andando ao seu lado como se estivesse nas nuvens. Considerava que aquilo era amor e por isso me sentia inflada. (Quanta tolice!) Conversamos coisas banais e esquecíveis, através daquelas ruas desertas e mal iluminadas. Chegamos num local cercado, com algumas casas, muitas árvores e também fraca iluminação. Nesse instante, ele parou e foi chegando perto de encostar os lábios nos meus. Passou a língua, sempre bem lentamente...
- Estamos chegando! - disse enquanto eu ficava nervosa, mantinha o coração na boca e as pernas bambas. Mal consegui balançar a cabeça em sinal de sim.
Paramos em frente a uma árvore, num local ainda mais escuro e o Fábio encostou-se nela. Pegou minhas mãos me puxando para bem junto de seu corpo, colocando uma perna no meio das minhas. (Será que sabia que aquilo ia me deixar louca?). Senti sua coxa grossa encostar-se às minhas virilhas e naquele instante fiquei excitada. Naquela altura dos acontecimentos, minha calcinha já dava para torcer.
Foi quando me beijou.
Pensei que poderia gozar apenas com o toque dos seus lábios. Mas os beijos ficaram cada vez mais quentes, a respiração forte e ofegante. Não conseguia conter os gemidos, muito menos suas mãos que passeavam pelo meu corpo, dando a impressão de terem se multiplicado. Os meus seios estavam à mostra e ele os acariciava deliciosamente, com as mãos e com a língua. Enquanto isso fazia movimentos com os quadris, esfregando sua coxa na minha buceta, por cima da calcinha, e a minha coxa no seu pau, já, há muito tempo, ereto.
Apertava a minha bunda com força e chupava meu pescoço, minha orelha e a minha boca. Quando percebi já estava quase gozando. E Fábio também percebeu. Me virou de costas, enfiou sua mão por dentro da minha calcinha e comprimiu meu hímen com o dedo, enquanto esfregava minha bunda no seu cacete. Mas passou a doer, tive medo de perder a virgindade e meu tesão acabou nessa hora. Certos homens têm a capacidade de tirar toda a sua excitação com sua falta de habilidade e sensibilidade.
Ele foi um grosso!
Tirei sua mão de lá bruscamente e Fábio simplesmente abriu a calça e tentou enfiar em mim. Fiquei assustada! Havia sonhado tanto com a primeira vez. Travei naquele momento e pude ver em seus olhos a decepção. Será que ele pode ver nos meus olhos a minha decepção? Se tivesse visto também não se importaria como me importei com a sua. Não queria desapontá-lo, mas transar ali, no meio do mato, em pé, ia contra todos os meus princípios, sonhos e medos.
Para amenizar a frustração, bati uma punheta para ele. Era a primeira vez que encostava a mão em um pau e acabei sentindo uma repulsa enorme. Nojo do cheiro de água sanitária que exalava, da textura de carne crua, das contrações na minha mão, da cor amarronzada e do fato de estar me submetendo aquilo. Instintivamente, fiz movimentos rápidos de vai e vem, tentando prestar o mínimo de atenção possível à cena e querendo acabar logo. Para meu alívio, ele gozou sem demora.
Foi, por conseqüência, à primeira experiência sexual que me enoja ao recordar. Nem me lembro onde limpei aquela gosma quente, fétida, esbranquiçada e pegajosa, mas me lembro bem que nos ajeitamos e fomos embora.
Fui com a sensação de ter sido usada (e convenhamos, não era só uma sensação), mas ainda estava feliz pelos momentos passados ao lado do homem que era meu príncipe encantado. Podia ter se tornado sapo naquela noite. Isso teria me poupado de outros momentos frustrantes como aquele. Mas não! Apesar da sua frieza e de tudo que me fez, eu ainda gostava e muito.
Aos 14 anos, as ilusões nos fazem cometer erros ridículos, nos apaixonar por caras ridículos e nos submeter as suas imposições, da mesma forma, ridículas.
Eu ainda era uma garotinha, rezando baixo pelos cantos por ser uma menina má e sem nenhuma malandragem.

Ainda trocamos alguns beijos e carícias ousadas dentro do frigorífico onde trabalhava, cheirando a carne e sangue de vaca. Mas nunca achei que ele fosse digno de tirar minha virgindade. Ou o Bruno pode ter sido mais esperto.

E meu “amor” pelo Fábio acaba quando ele entra na minha história.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

3.1 – Passava o tempo á imaginar

“Sonhava acordada, dormia agoniada, passava o tempo todo a lembrar. Fez uma coisa feia..., por causa de algo que quis tirar de alguém que não lhe fazia bem, que não lhe dava amor e sim dor. Sonhava acordada, dormia atormentada... Quando seria o dia e se demoraria, que em sua companhia iria estar alguém que lhe fizesse bem, que lhe mostrasse as cores, as flores, o céu. E o tempo foi passando e ela acreditando que seu sonho iria virar. Mas não tinha certeza, pois ela estava presa, por causa de algo que quis tirar de alguém que não lhe fazia bem, que não lhe dava amor e sim dor.”
                                                                                          (Cachorro Grande)


Voltei a me envolver com o Fábio. Desde a primeira vez em que ficamos, eu havia crescido, em coxas, seios e bumbum. Não poderia ser considerada uma mulher, mas lembre-se que estava em minha melhor fase. Era uma adolescente bonita e atraente. Ele me olhava transparecendo (como todo bom e dispensável macho) fome e tesão (nada mais que isso).
Fábio trabalhava na esquina da escola onde eu fazia o colegial. Numa tarde qualquer, voltava do dentista quando ele acabou me vendo passar e me chamou. Essa era a minha intenção ao escolher o caminho, mas voltei tremendo de vergonha. Sempre travava quando nos aproximávamos. Nunca sabia o que dizer ou fazer, e no final sempre era estúpida, apesar dos ensaios.
No meio de uma conversa sem nexo e sem muitas recordações da minha parte, houve um selinho. Não foi bem um selinho estralado. Diria que foi uma provocação sutil e eficiente ao levemente encostar seus lábios molhados na lateral dos meus, ainda anestesiados, e falar algo que não me lembro. Se me concentrar, até hoje posso sentir a vibração da sua voz e a umidade fazendo cócegas na minha boca e interagindo com meus outros pequenos lábios.
E termina aí esse momento, mas tive assunto para a aula toda no dia seguinte. Nessa idade, chega a ser cômica a importância dos detalhes. Cada situação é contada com uma veracidade que beira os sentidos. Poderíamos nos tornar autoras ou atrizes de novelas, pela intimidade com que relatávamos as histórias dando ênfase a partes emocionantes, praticamente encenando a realidade e maquiando pra ficar mais interessante.
Num outro dia, outro selinho, com um pequeno encostar de línguas, um sorriso, mais umidade e gosto de anestesia. Assunto para semana toda. Assim, durante o bendito tratamento dentário, via Fábio sempre e na minha mentalidade juvenil, era consideravelmente um relacionamento amoroso que estava acontecendo entre a gente. Às vezes, nossas bocas se encostavam. Às vezes só conversávamos. Mas todas às vezes me sentia muito feliz de ir ao dentista e na volta obter migalhas desse meu pequeno amor, que me deixava cheia de histórias para relatar nas aulas entediantes do dia seguinte.
Até que, para ser diferente e discreto (ou na expectativa de uns amassos “calientes”), um amigo dele que morava nos arredores nos emprestou a chave de sua casa. Não relutei em aceitar a proposta e acompanhá-lo. Nem perdi meu tempo fazendo cu-doce, que significa "fingir que é difícil". Prefiro aproveitar cada minuto, sem falsos recatos. Nunca tive muita paciência para joguinhos de sedução, principalmente quando fazia o papel de amante, o que era o caso. (Ah eu não disse ainda né? Pois é, ele tinha uma namorada).
No caminho, me sentia eufórica por saber que lá, teria além do pouco que tinha eventualmente do seu tempo e dos seus carinhos. Quem sabe algo mais excitante que selinhos amedrontados?
Ao chegar, chave no cadeado, aquela olhada de praxe para verificar se havia alguém conhecido nos observando e o barulho do portão se fechando, nos protegendo de eventuais curiosos. Seguros, já começamos a nos agarrar, sem conseguir esperar chegar num local confortável.
Eu já não me lembrava do calor que seus beijos me proporcionavam e aquele encostar de bocas deixou nossos hormônios saltitando. Expectativas estavam sendo alcançadas (pelo menos as minhas que se contentavam bem com alguns beijinhos).
Nos pegamos até o sofá da sala e os amassos terminaram com a seguinte cena: eu, sentada em seu colo, com as pernas entrelaçadas em seu quadril; ele, subindo a minha blusa e beijando minha barriga; e eu, para acalmar os ânimos, pedindo água. Sabia como aquele tipo de situação terminava e apesar de gostar muito, não era o momento. Literalmente joguei um balde de água fria, que só voltou a esquentar quando me jogou no colchão que havia no quarto.
Constatei como era bom sentir o peso de um corpo em cima do meu, mas com a desculpa de estar atrasada para um compromisso, não deixei que aquele instante ultrapassasse os beijos, mãos deslizando inquietamente e calor no meio das pernas. Me levantei e fui embora com um Fábio implorando algo que não dei, pelo menos não aquele dia. (Não me refiro ao meu hímen com essa afirmação).