segunda-feira, 25 de novembro de 2013

3.3 - Uma perfeição, nos mínimos detalhes.


“Seu rosto na TV parece um milagre... Eu mudo o canal, eu viro a página, mas você me persegue por todos os lugares... Eu vejo seu poster na folha central. Beijo sua boca, te falo bobagens... Fixação! Seus olhos no retrato. Minha assombração. Fantasmas no meu quarto. I want to be alone... Preciso de uma chance de tocar em você. Captar a vibração que sinto em sua imagem... Fecho os olhos pra te ver, você nem percebe. Penso em provas de amor, ensaio um show passional...”
(Leoni)

  
Bruno é irmão do Eduardo, mas apesar de nessa época ser muito amiga do Du, eu e o Bruno não tínhamos nenhuma intimidade. Até o dia que ele reparou em mim e resolveu me conquistar. Claro que sem maiores dificuldades. Tinha lábia e um charme típico de leonino. Além de experiência com menininhas indefesas e carentes. Eu, 14 anos. Bruno, 22.
Logo na primeira vez que conversamos me senti fisgada pelo seu papo interessante, suas aventuras, romances proibidos e pelo constante bom-humor. Durante umas duas horas fiquei ali, parada, admirando a cena de um homem lindo, encantado com as próprias palavras e com a própria vida, que relembrava momentos sem pudores, com fogo no olhar e um sorriso lindo.
Tenho queda por bocas e sorrisos.
Antes de ir embora, combinamos de sair, apesar de eu estar ainda com um pé atrás. Ele também namorava, há mais de quatro anos. Mais uma vez estava entrando numa barca furada sem me importar com o futuro e provável afogamento. Filial, essa era a minha sina.
Um dia depois o esperei na praça para que ninguém nos visse juntos. Já estava me acostumando com essa vida bandida e aprendendo como me camuflar.
Foi excitante sentar na garupa da sua moto e sentir o vento batendo no meu rosto com a velocidade. E como corria! Bruno nunca teve medo de nada e aproveitava cada segundo como se fosse o último. O perigo constante alimentava sua alma. Era necessário para manter acesa a chama que brilhava nos seus olhos cor de mel e que me hipnotizavam.
 Como um PHD em infidelidade, me levou até o mirante. Lugar montanhoso, cheio de pedras e banquinhos para os namorados (ou amantes), de onde se pode apreciar a lua e as estrelas perfeitamente. (Quando não se está de olhos fechados). Lugar frio, principalmente em meados de julho, onde só se deve ir bem agasalhado ou com alguém para te esquentar. Eu não estava bem agasalhada, não tinha um namorado (ainda nem era amante), mas a noite estava perfeita.
Ele parou a moto e fui me sentar em um dos bancos que ficava de frente para lua, que estava cheia, imponente. Fiquei apreciando-a enquanto Bruno estacionava e vinha se sentar ao meu lado.
- Que linda a lua hoje.
- Ela ficou ainda mais bonita porque você tá aqui do meu lado Amanda.
Me derreti. Esperava qualquer “cafajestagem” antes de grudar nos meus lábios, mas não. A partir daí ele já tinha sido especial e diferente de todos os outros. Deixou as coisas acontecerem naturalmente. Pegou naquele pontinho sensível-brega que toda mulher tem e a maioria dos homens faz questão de ignorar.
Não demorou a estarmos nos beijando. E foi um beijo cinematográfico, como ele. Aos 14 anos ainda existem fantasias de romances contos de fada e Bruno participou ativamente das minhas. Olhou-me nos olhos, afagou meus cabelos, me abraçou com delicadeza e me fez sorrir com suas constantes gracinhas. Nesse mesmo dia, ao voltar para casa, adquiriu a mania de alisar minha perna enquanto andávamos de moto.
Eu o abraçava, me deitava em suas costas, fechava os olhos e só sentia. Aguçava cada pedacinho sentimental de mim para absorver tudo a minha volta. O cheiro do perfume, o contato da pele, o vento zunindo, o ronco do motor acelerando e o preenchimento que aquela relação me dava.
Primeiro dia: minha cama parecia uma nuvem quando me deitei nela e ele me fez sonhar.
Claro, voltamos a nos ver. Estava sendo tratada como uma princesa, por mais cafona que a expressão pareça. Era como se só existíssemos nós dois e nosso momento. O Bruno foi o melhor homem da minha vida, porque foi o único que soube cuidar de mim como uma mulher merece.
Nos chamávamos por apelidos carinhosos e ele sempre inventava um nome engraçado e marcante. Algo único, que só ele me chamaria. Nos tocávamos como adolescentes sem malícia e ousadia. Ele nunca avançou o sinal, nem me tratou como vagabunda. Sempre me respeitou como se fosse sua namorada oficial e ele dizia que eu era, de uma forma ou de outra.

Tenho tantas coisas boas para lembrar que as ruins ficaram esquecidas. 

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Em um lugar reservado, pudemos ter mais tempo a sós. O esperei no bosque perto de casa, onde à noite o movimento é escasso e não corríamos o risco de sermos vistos juntos. Apenas eu corria riscos diversos por estar sozinha, num lugar pavoroso e silencioso como aquele e ainda com um vestido cinza, curto, com tiras de amarrar nas costas, deixando-as quase totalmente expostas e sandálias de salto alto.
(Faltou que alguém parasse o carro e perguntasse quanto era o programa. Eu não ia estranhar, só que não tinha pensado num valor).
Estava ansiosa em excesso para lembrar de sentir medo. Cada segundo de espera se tornavam horas intermináveis. Pelo menos ele não tardou a chegar, considerando o tempo pelo relógio.
Logo notei que estava com aquela expressão bem safada no rosto, linda, atrativa e meio vagabundo galante, vestido com o jeans preto colado de sempre, a regata branca que realçava seus músculos que eu tanto apreciava e andando como os típicos malandros de roda de samba.
Criei coragem e fiz o que havia ensaiado para enlouquecê-lo logo depois que disse o primeiro oi. Virei de costas...
- Será que você pode apertar o laço do meu vestido?
A intenção era que Fábio pudesse admirar meu bumbum em evidência no tecido sutilmente transparente, contornado por uma calcinha fio dental preta, que ele tanto admirava.
- Uau! Pena que a noite não dá pra ver direito a transparência desse vestido. Mas a insinuação da sua calcinha ta atiçando a minha curiosidade. Vem, quero ficar logo sozinho com você.
Tais elogios despudorados fizeram jus ao que esperava enquanto me vestia intencionalmente. Sabia que só conseguiria algo dele através dos seus instintos de homem e não por sentimentos, como idealizava. De qualquer forma, por quaisquer que fossem os caminhos, já era melhor que nada. (Recordando que nada ainda é uma palavra em busca de tradução).
Ao terminar de amarrar, o que fez bem devagar, fazendo questão de alisar minha pele, se aproximou do meu ouvido, encostou sua língua levemente e falou baixinho.
- Já podemos ir.
 Fiquei molhada e zonza apenas com aquele toque e o bafo quente na minha nuca.
- Aonde vamos?
- Conheço um lugar discreto onde podemos ficar à vontade.
Sempre me envolvi com homens comprometidos. Como dizia minha mãe: a amante sempre sai no lucro. Sobra para ela apenas o bom momento, além de não ter que lavar cuecas. Essa afirmação partia da raiva que sentia das amantes de meu pai e não confirmando uma teoria que vivenciasse ou tivesse conhecimentos práticos.
Eu sim aprendia vivendo, precocemente, passo a passo, sobre cada detalhe vantajoso ou não de ser a filial.
Fui andando ao seu lado como se estivesse nas nuvens. Considerava que aquilo era amor e por isso me sentia inflada. (Quanta tolice!) Conversamos coisas banais e esquecíveis, através daquelas ruas desertas e mal iluminadas. Chegamos num local cercado, com algumas casas, muitas árvores e também fraca iluminação. Nesse instante, ele parou e foi chegando perto de encostar os lábios nos meus. Passou a língua, sempre bem lentamente...
- Estamos chegando! - disse enquanto eu ficava nervosa, mantinha o coração na boca e as pernas bambas. Mal consegui balançar a cabeça em sinal de sim.
Paramos em frente a uma árvore, num local ainda mais escuro e o Fábio encostou-se nela. Pegou minhas mãos me puxando para bem junto de seu corpo, colocando uma perna no meio das minhas. (Será que sabia que aquilo ia me deixar louca?). Senti sua coxa grossa encostar-se às minhas virilhas e naquele instante fiquei excitada. Naquela altura dos acontecimentos, minha calcinha já dava para torcer.
Foi quando me beijou.
Pensei que poderia gozar apenas com o toque dos seus lábios. Mas os beijos ficaram cada vez mais quentes, a respiração forte e ofegante. Não conseguia conter os gemidos, muito menos suas mãos que passeavam pelo meu corpo, dando a impressão de terem se multiplicado. Os meus seios estavam à mostra e ele os acariciava deliciosamente, com as mãos e com a língua. Enquanto isso fazia movimentos com os quadris, esfregando sua coxa na minha buceta, por cima da calcinha, e a minha coxa no seu pau, já, há muito tempo, ereto.
Apertava a minha bunda com força e chupava meu pescoço, minha orelha e a minha boca. Quando percebi já estava quase gozando. E Fábio também percebeu. Me virou de costas, enfiou sua mão por dentro da minha calcinha e comprimiu meu hímen com o dedo, enquanto esfregava minha bunda no seu cacete. Mas passou a doer, tive medo de perder a virgindade e meu tesão acabou nessa hora. Certos homens têm a capacidade de tirar toda a sua excitação com sua falta de habilidade e sensibilidade.
Ele foi um grosso!
Tirei sua mão de lá bruscamente e Fábio simplesmente abriu a calça e tentou enfiar em mim. Fiquei assustada! Havia sonhado tanto com a primeira vez. Travei naquele momento e pude ver em seus olhos a decepção. Será que ele pode ver nos meus olhos a minha decepção? Se tivesse visto também não se importaria como me importei com a sua. Não queria desapontá-lo, mas transar ali, no meio do mato, em pé, ia contra todos os meus princípios, sonhos e medos.
Para amenizar a frustração, bati uma punheta para ele. Era a primeira vez que encostava a mão em um pau e acabei sentindo uma repulsa enorme. Nojo do cheiro de água sanitária que exalava, da textura de carne crua, das contrações na minha mão, da cor amarronzada e do fato de estar me submetendo aquilo. Instintivamente, fiz movimentos rápidos de vai e vem, tentando prestar o mínimo de atenção possível à cena e querendo acabar logo. Para meu alívio, ele gozou sem demora.
Foi, por conseqüência, à primeira experiência sexual que me enoja ao recordar. Nem me lembro onde limpei aquela gosma quente, fétida, esbranquiçada e pegajosa, mas me lembro bem que nos ajeitamos e fomos embora.
Fui com a sensação de ter sido usada (e convenhamos, não era só uma sensação), mas ainda estava feliz pelos momentos passados ao lado do homem que era meu príncipe encantado. Podia ter se tornado sapo naquela noite. Isso teria me poupado de outros momentos frustrantes como aquele. Mas não! Apesar da sua frieza e de tudo que me fez, eu ainda gostava e muito.
Aos 14 anos, as ilusões nos fazem cometer erros ridículos, nos apaixonar por caras ridículos e nos submeter as suas imposições, da mesma forma, ridículas.
Eu ainda era uma garotinha, rezando baixo pelos cantos por ser uma menina má e sem nenhuma malandragem.

Ainda trocamos alguns beijos e carícias ousadas dentro do frigorífico onde trabalhava, cheirando a carne e sangue de vaca. Mas nunca achei que ele fosse digno de tirar minha virgindade. Ou o Bruno pode ter sido mais esperto.

E meu “amor” pelo Fábio acaba quando ele entra na minha história.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

3.1 – Passava o tempo á imaginar

“Sonhava acordada, dormia agoniada, passava o tempo todo a lembrar. Fez uma coisa feia..., por causa de algo que quis tirar de alguém que não lhe fazia bem, que não lhe dava amor e sim dor. Sonhava acordada, dormia atormentada... Quando seria o dia e se demoraria, que em sua companhia iria estar alguém que lhe fizesse bem, que lhe mostrasse as cores, as flores, o céu. E o tempo foi passando e ela acreditando que seu sonho iria virar. Mas não tinha certeza, pois ela estava presa, por causa de algo que quis tirar de alguém que não lhe fazia bem, que não lhe dava amor e sim dor.”
                                                                                          (Cachorro Grande)


Voltei a me envolver com o Fábio. Desde a primeira vez em que ficamos, eu havia crescido, em coxas, seios e bumbum. Não poderia ser considerada uma mulher, mas lembre-se que estava em minha melhor fase. Era uma adolescente bonita e atraente. Ele me olhava transparecendo (como todo bom e dispensável macho) fome e tesão (nada mais que isso).
Fábio trabalhava na esquina da escola onde eu fazia o colegial. Numa tarde qualquer, voltava do dentista quando ele acabou me vendo passar e me chamou. Essa era a minha intenção ao escolher o caminho, mas voltei tremendo de vergonha. Sempre travava quando nos aproximávamos. Nunca sabia o que dizer ou fazer, e no final sempre era estúpida, apesar dos ensaios.
No meio de uma conversa sem nexo e sem muitas recordações da minha parte, houve um selinho. Não foi bem um selinho estralado. Diria que foi uma provocação sutil e eficiente ao levemente encostar seus lábios molhados na lateral dos meus, ainda anestesiados, e falar algo que não me lembro. Se me concentrar, até hoje posso sentir a vibração da sua voz e a umidade fazendo cócegas na minha boca e interagindo com meus outros pequenos lábios.
E termina aí esse momento, mas tive assunto para a aula toda no dia seguinte. Nessa idade, chega a ser cômica a importância dos detalhes. Cada situação é contada com uma veracidade que beira os sentidos. Poderíamos nos tornar autoras ou atrizes de novelas, pela intimidade com que relatávamos as histórias dando ênfase a partes emocionantes, praticamente encenando a realidade e maquiando pra ficar mais interessante.
Num outro dia, outro selinho, com um pequeno encostar de línguas, um sorriso, mais umidade e gosto de anestesia. Assunto para semana toda. Assim, durante o bendito tratamento dentário, via Fábio sempre e na minha mentalidade juvenil, era consideravelmente um relacionamento amoroso que estava acontecendo entre a gente. Às vezes, nossas bocas se encostavam. Às vezes só conversávamos. Mas todas às vezes me sentia muito feliz de ir ao dentista e na volta obter migalhas desse meu pequeno amor, que me deixava cheia de histórias para relatar nas aulas entediantes do dia seguinte.
Até que, para ser diferente e discreto (ou na expectativa de uns amassos “calientes”), um amigo dele que morava nos arredores nos emprestou a chave de sua casa. Não relutei em aceitar a proposta e acompanhá-lo. Nem perdi meu tempo fazendo cu-doce, que significa "fingir que é difícil". Prefiro aproveitar cada minuto, sem falsos recatos. Nunca tive muita paciência para joguinhos de sedução, principalmente quando fazia o papel de amante, o que era o caso. (Ah eu não disse ainda né? Pois é, ele tinha uma namorada).
No caminho, me sentia eufórica por saber que lá, teria além do pouco que tinha eventualmente do seu tempo e dos seus carinhos. Quem sabe algo mais excitante que selinhos amedrontados?
Ao chegar, chave no cadeado, aquela olhada de praxe para verificar se havia alguém conhecido nos observando e o barulho do portão se fechando, nos protegendo de eventuais curiosos. Seguros, já começamos a nos agarrar, sem conseguir esperar chegar num local confortável.
Eu já não me lembrava do calor que seus beijos me proporcionavam e aquele encostar de bocas deixou nossos hormônios saltitando. Expectativas estavam sendo alcançadas (pelo menos as minhas que se contentavam bem com alguns beijinhos).
Nos pegamos até o sofá da sala e os amassos terminaram com a seguinte cena: eu, sentada em seu colo, com as pernas entrelaçadas em seu quadril; ele, subindo a minha blusa e beijando minha barriga; e eu, para acalmar os ânimos, pedindo água. Sabia como aquele tipo de situação terminava e apesar de gostar muito, não era o momento. Literalmente joguei um balde de água fria, que só voltou a esquentar quando me jogou no colchão que havia no quarto.
Constatei como era bom sentir o peso de um corpo em cima do meu, mas com a desculpa de estar atrasada para um compromisso, não deixei que aquele instante ultrapassasse os beijos, mãos deslizando inquietamente e calor no meio das pernas. Me levantei e fui embora com um Fábio implorando algo que não dei, pelo menos não aquele dia. (Não me refiro ao meu hímen com essa afirmação).

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

CAPÍTULO 3 – Me compram, me vendem e me estragam

"Será que ninguém vê o caos em que vivemos? Os jovens são tão jovens e fica tudo por isso mesmo. A juventude é rica, a juventude é pobre, a juventude sofre e ninguém parece perceber. Eu tenho um coração, eu tenho ideais. Eu gosto de cinema e de coisas naturais e penso sempre em sexo, oh yeah! Todo adulto tem inveja dos mais jovens. A juventude está sozinha, não há ninguém para ajudar. A explicar por que é que o mundo, é este desastre que aí está. Eu não sei. Dizem que eu não sei nada, que eu não tenho opinião. E é tudo mentira, me deixam na mão. Não me deixam fazer nada e a culpa é sempre minha. E meus amigos parecem ter medo de quem fala o que sentiu, de quem pensa diferente. Nos querem todos iguais, assim é bem mais fácil nos controlar. E mentir e matar o que eu tenho de melhor: minha esperança. Que se faça o sacrifício. Que cresçam logo as crianças".
                                (Legião Urbana)

  

Devo reconhecer que entre 14 e 18 anos estava na minha melhor fase de beleza. (A palavra beleza posta aqui se refere a estar magra, não ter estragado os cabelos com tanta química e ainda ter um brilho ingênuo nos lábios).
Antes disso, sempre tive sérias discussões com a balança e crises estrondosas em frente ao espelho. Apenas aos 14 anos fui me dar conta que deveria emagrecer para ser uma garota segura. Decidi, a partir da inscrição em um concurso de beleza, que esse era o ideal mais importante a se alcançar. Não apenas para me eleger a garota estudantil, mas para estar em paz com a imagem que refletia.
Conclusão: perdi o concurso, mas de quebra eliminei seis quilos em um mês e ganhei muito mais que isso em amor próprio e menininhos atrás de mim.
Apesar de não me considerar a mais perfeita das mulheres, concordo que existe algo que chama a atenção. Mas acredito serem outros atributos que não meramente os físicos. Talvez simpatia e bom humor escondam celulites, algumas estrias, gorduras localizadas, entre outros tantos defeitos. 
Tenho cabelos loiros, naturalmente lisos e fáceis de cuidar. Pelos claros e finos. Sobrancelha delineada, olhos verdes rajados em tom de mel. Boa altura, boca contornada, pele clara e macia. Quadris largos, seios fartos e rosados e certo charme para esconder as imperfeições. Muito mais que isso, um bom papo e um quê de confiança e cérebro talvez sejam minhas melhores qualidades.
Personalidade forte, orgulho e teimosia foram presentes que me dei, embrulhados com fita de cetim e com o nome de Morgana.
Antes de ser assim, antipática e meio anti-social, o sentimentalismo me dominava e podia sentir as dores do mundo. A ingenuidade era meu maior defeito. Agora já consigo escondê-la e a intransigência tomou seu lugar. Todos me pisavam, davam ordens e eu as seguia. Confiava cegamente, porque não acreditava que o ser humano pudesse ser tão cruel. Amava e me entregava totalmente.
Era carinhosa, passiva (e não me refiro apenas à cama) e humilde. Preferia viver num conto de fadas e pensar que um dia seria feliz para sempre. Enfim, acordei e decidi que não seria mais a gata borralheira e me tornaria Cinderela bem antes de perder o sapatinho de cristal e encontrar um príncipe encantado.
Cansei de lamentar as roupas e sapatos de marca que não tive. As boas escolas que não estudei, os carros que nunca andei, a casa que minha família nunca teve. Os barzinhos caros da moda que não frequentei, a geladeira cheia que nunca vi, a mesada que nunca ganhei. As viagens de férias que nunca fiz, os cursinhos de inglês onde nunca me matricularam e a faculdade de jornalismo que depende do meu suor para pagar.
Passei a agradecer por ter roupas e sapatos, quaisquer que fossem. Por poder estudar, mesmo que em escola pública, enquanto tantos pais dormem dias em filas para conseguir uma vaga para seus filhos. Por poder andar, respirar, ter um teto, mesmo que não seja meu, mas que não deixa de me abrigar. Por ter um alimento na mesa todos os dias, pelos sentidos perfeitos e principalmente por ter saúde e inteligência para conseguir tudo que almejo.

Deixei de ser a adolescente revoltada e alienada e passei a ver a vida com olhos maduros e frios, mas realistas. Confesso que isso trouxe alguns desenganos em perceber que meu mundo não era colorido como achava que fosse. E as pessoas não eram incríveis e necessárias como fazia questão de considerá-las. E com tão pouca idade, percepções tão sutis vão acinzentando a sua vida e tornando-a um tanto quanto melancólica demais.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

2.6 - Por mais que a gente cresça, há sempre alguma coisa que não consegue entender...



“Hey mãe, alguma coisa ficou pra trás. Antigamente eu sabia exatamente o que fazer... Agora, lá fora, o mundo todo é uma ilha, a milhas e milhas de qualquer lugar... Hey mãe, eu já não esquento a cabeça. Durante muito tempo isso era só o que eu podia fazer... Por isso, mãe, só me acorda quando o sol tiver se posto. Eu não quero ver meu rosto antes de anoitecer...”

                                                                                  (Engenheiros do Hawaí)

Talvez a lenda de que menstruar é um marco emocional e ponte para um amadurecimento da mocinha seja real. E foi aos 14 anos que passei por essa tenebrosa experiência. Tarde demais, mas no meu ponto de vista ainda podia ter esperado, ou nunca ter vindo.
Aconteceu num domingo, dia dos pais, casa da minha tia lotada em comemoração. Para variar, o meu pai não estava presente. Eu nem ligava mais. Conforme vai passando o tempo, a gente se acostuma com tudo, ou quase tudo. Acho que aconteceu nesse dia como um carma. Mais uma forma de ter que lembrar dele em um momento importante da minha vida.
Senti que minha vagina estava molhada e sem motivo aparente. Quem sabe era um daqueles insistentes corrimentos que assombravam a minha vida. Ainda sem maiores preocupações, fui ao banheiro me limpar.
Na minha calcinha havia umas manchas vermelhas, que se estenderam até o papel higiênico. Era ela que enfim havia chegado. E como me trouxe neuroses por ter demorado tanto! Quantas vezes pensei em fingir que havia descido, só para não me sentir diferente das minhas amigas. Quantas vezes pensei em usar Mertiolate para manipular e provar com a calcinha manchada que estava dizendo a verdade.
Ainda bem que tais pensamentos não se tornaram reais. Ainda bem que não passava de uma vergonha interna e nunca comentada. Como o desconforto em ainda não ter pêlos pubianos diante da exaltação das meninas em se trocar na frente das outras e exibir seus pentelhos fartos. Enquanto eu ainda parecia uma criança, com a vagina desnuda e rosada. Evitava ao máximo ter que passar pelo vexame de admitir que apesar de toda aparência física, meu corpo ainda não tinha se transformado.
Mas agora estava diante de algo que desejava e não sabia o que fazer. É óbvio que não tinha um absorvente em mãos e por isso precisaria pedir ajuda a alguém. Mas como sairia daquele banheiro, naquela casa repleta de gente, sem fazer alarde e encontrar a minha mãe antes que a minha calça manchasse? Sim, hoje em dia é normal esbravejar que se está menstruada e fazer conferências sobre as doloridas cólicas e pedir sem hesitação um absorvente para quem estiver por perto.
Mas era a primeira vez e estava aterrorizada.
Confesso não lembrar perfeitamente dos acontecimentos, talvez porque os sentimentos fossem mais fortes, mas sei que encontrei a minha mãe e ela definitivamente piorou a situação. Não sei o que se passou pela sua cabeça, mas não precisava ter exposto a minha vida assim. Faltou utilizar um megafone para informar que enfim o seu bebê havia se tornado uma moça. E além de ter que aprender a andar com um tijolo no meio das pernas, ainda tive que tentar aparentar naturalidade diante daquela catástrofe e agüentar piadinhas sem graça pelo resto do dia.
Hoje, eu e a menstruação já temos uma relação amigável, apesar de não ser uma visita bem vinda e que geralmente vem sem avisar e faz questão de não ser regulada. Porém, não se demora mais que quatro dias e já aprendi a conviver com as dores que me causa. Além do quê, tem meses que não vem e não deixa de ser bem agradável. Inclusive já foi cogitada a hipótese de ficar sem ela por longos meses, mas se a natureza quis que fosse assim, deixa que venha.
Eu agüento!

sábado, 6 de abril de 2013


Aos 13 tentei reatar a amizade que tinha com a Patrícia. Sem más intenções (e você acredita nisso?). Mas a vontade falou mais alto. Já tinha quase um ano que não sentia a delicadeza do corpo de uma mulher. Apesar de me satisfazer sozinha, de todas as formas que já mencionei, nenhuma delas se assemelha à sensação do contato das peles, de sentir a respiração, o ofegar, os gemidos e poder beijar a boca.
Chamei-a para ir a minha casa. Estávamos sem jeito uma com a outra, e no meu caso, especialmente por não saber se valia à pena voltarmos a nos agarrar. Como sempre acontecia, num impulso decidi que sim. Tomei a iniciativa e a levei até o banheiro. Estávamos sozinhas, mas o banheiro era como um código secreto que ela entendia bem. Tanto que na hora começou a rir, embora eu não saiba se era de satisfação ou nervosismo.
Tudo aconteceu rápido. A reaproximação e o novo envolvimento sexual. Tudo no mesmo dia e quase que instantaneamente. Logo que entramos e fechei a porta, começamos a nos beijar. Foram beijos mais quentes que os de antes e dessa vez, as mãos aflitas percorriam os corpos cheios de desejos. Enquanto a beijava, apalpava seus seios minúsculos com voracidade, me esfregava em sua coxa apertando-a contra a parede e friccionando minha coxa entre suas pernas.
O tesão me consumia e levantando a blusa, fiz com que lambesse meus seios, também em fase de crescimento e ainda sem um formato atraente ou definido. Foi à primeira vez que alguém os lambeu e a sensação foi maravilhosa. Algo como uma aflição crescente e quase um impulso incontrolável de enfiar tudo de uma vez em sua boca. Acredito que nesse dia ela também experimentou o que é um orgasmo, pois gemia como uma louca e senti seu corpo todo estremecer. Gozei logo depois disso.
Depois do êxtase, (imagino que com delicadeza, mas não me lembro dessa parte e não poderia mentir, fingindo que fui educada) a fiz ir embora e cheguei à conclusão que não deveria vê-la outra vez. Estava passando dos limites e das brincadeiras de criança. Me considerava hetero e não passava pela minha cabeça ser rotulada como homo ou bissexual. Nem entendia tais termos.
Para uma garota naquela idade, eram conflitos pesados demais para serem pensados, pelo menos há 15 anos. Hoje em dia conheço pirralha que quer ser sapatão com bem menos idade que isso. Nem sabe amarrar o cordão do tênis e já fica pegando as amiguinhas por aí. Modinha é foda. Sempre alcança quem ainda não tem uma opinião formada ou aquelas pessoas que não tem senso crítico (ou do ridículo).
Eu não queria deixar a situação ultrapassar aquele ponto. Era só um divertimento. Não poderíamos ser amigas como antes, pois já entediamos algo sobre malícias. A partir disso, o que tivemos foi um afastamento em todos os sentidos e resolvi que desde então, apenas garotos seriam meu deleite. As garotas se restringiriam às fantasias, as masturbações vendo revistas de mulheres nuas e aos meus sonhos insanos. Pelo menos por mais alguns anos.

quinta-feira, 21 de março de 2013


Estava na casa da minha avó, quando ela chegou com a mãe e a insistente irmã menor. Apesar de não ter gostado, não tinha muitas alternativas carnais à disposição e deveria me contentar.
Fomos brincar na sala de televisão, que fica afastada da cozinha onde os adultos estavam. Entramos e encostei a porta, já imaginando o que iria acontecer. Em poucos minutos de brincadeira, ela me beijou e até tentei retribuir, mas realmente não foi bom. O fato é que ela estava com um short bem curto e passei a ter uma atração incontrolável por pernas. Quis me satisfazer naquele momento.
Me afastei dela e sem dizer uma palavra, me deitei no tapete e fiz sinal para que subisse em cima de mim. Abri bem as pernas, ela obedeceu, pôs uma das coxas no meio das minhas e ficou lambendo meus lábios como um cãozinho carinhoso e pidão.
Lembro que estava de saia e também, perfeitamente e com clareza de sentidos, do calor que emanava das suas pernas alcançando e esquentando o pano da minha calcinha, agora fortemente friccionado à minha buceta. Senti medo de alguém aparecer e a vontade de me esfregar aumentou. Era totalmente inconseqüente e guiada pela irracionalidade. Além do que, os pseudo-seios dela encostavam-se aos meus, me fazendo ter arrepios e contribuindo para as ações totalmente instintivas.
Peguei com força em seu quadril e o coloquei bem perto do meu. Minha xoxota se encaixou na sua virilha e comecei os movimentos que tão bem já conhecia. Ela continuava me babando e a essa altura o fazia como uma doida, enquanto soltava gemidos estranhos, que mais pareciam grunhidos. Gozei rápido, como geralmente acontecia e não me importei com o fato de perceber que ela queria mais.
Dei uma leve empurrada em seu corpo para poder sair de baixo, me levantei, ajeitei a saia, abri a porta e continuei a brincar, como se nada tivesse acontecido. Já havia saciado minha vontade e não ia correr riscos apenas para satisfazê-la. Creio que ficou com raiva pelo tesão reprimido, pois nunca mais conversamos. Mas nem me importava. Gostava mesmo era do Cris.