segunda-feira, 25 de novembro de 2013

3.3 - Uma perfeição, nos mínimos detalhes.


“Seu rosto na TV parece um milagre... Eu mudo o canal, eu viro a página, mas você me persegue por todos os lugares... Eu vejo seu poster na folha central. Beijo sua boca, te falo bobagens... Fixação! Seus olhos no retrato. Minha assombração. Fantasmas no meu quarto. I want to be alone... Preciso de uma chance de tocar em você. Captar a vibração que sinto em sua imagem... Fecho os olhos pra te ver, você nem percebe. Penso em provas de amor, ensaio um show passional...”
(Leoni)

  
Bruno é irmão do Eduardo, mas apesar de nessa época ser muito amiga do Du, eu e o Bruno não tínhamos nenhuma intimidade. Até o dia que ele reparou em mim e resolveu me conquistar. Claro que sem maiores dificuldades. Tinha lábia e um charme típico de leonino. Além de experiência com menininhas indefesas e carentes. Eu, 14 anos. Bruno, 22.
Logo na primeira vez que conversamos me senti fisgada pelo seu papo interessante, suas aventuras, romances proibidos e pelo constante bom-humor. Durante umas duas horas fiquei ali, parada, admirando a cena de um homem lindo, encantado com as próprias palavras e com a própria vida, que relembrava momentos sem pudores, com fogo no olhar e um sorriso lindo.
Tenho queda por bocas e sorrisos.
Antes de ir embora, combinamos de sair, apesar de eu estar ainda com um pé atrás. Ele também namorava, há mais de quatro anos. Mais uma vez estava entrando numa barca furada sem me importar com o futuro e provável afogamento. Filial, essa era a minha sina.
Um dia depois o esperei na praça para que ninguém nos visse juntos. Já estava me acostumando com essa vida bandida e aprendendo como me camuflar.
Foi excitante sentar na garupa da sua moto e sentir o vento batendo no meu rosto com a velocidade. E como corria! Bruno nunca teve medo de nada e aproveitava cada segundo como se fosse o último. O perigo constante alimentava sua alma. Era necessário para manter acesa a chama que brilhava nos seus olhos cor de mel e que me hipnotizavam.
 Como um PHD em infidelidade, me levou até o mirante. Lugar montanhoso, cheio de pedras e banquinhos para os namorados (ou amantes), de onde se pode apreciar a lua e as estrelas perfeitamente. (Quando não se está de olhos fechados). Lugar frio, principalmente em meados de julho, onde só se deve ir bem agasalhado ou com alguém para te esquentar. Eu não estava bem agasalhada, não tinha um namorado (ainda nem era amante), mas a noite estava perfeita.
Ele parou a moto e fui me sentar em um dos bancos que ficava de frente para lua, que estava cheia, imponente. Fiquei apreciando-a enquanto Bruno estacionava e vinha se sentar ao meu lado.
- Que linda a lua hoje.
- Ela ficou ainda mais bonita porque você tá aqui do meu lado Amanda.
Me derreti. Esperava qualquer “cafajestagem” antes de grudar nos meus lábios, mas não. A partir daí ele já tinha sido especial e diferente de todos os outros. Deixou as coisas acontecerem naturalmente. Pegou naquele pontinho sensível-brega que toda mulher tem e a maioria dos homens faz questão de ignorar.
Não demorou a estarmos nos beijando. E foi um beijo cinematográfico, como ele. Aos 14 anos ainda existem fantasias de romances contos de fada e Bruno participou ativamente das minhas. Olhou-me nos olhos, afagou meus cabelos, me abraçou com delicadeza e me fez sorrir com suas constantes gracinhas. Nesse mesmo dia, ao voltar para casa, adquiriu a mania de alisar minha perna enquanto andávamos de moto.
Eu o abraçava, me deitava em suas costas, fechava os olhos e só sentia. Aguçava cada pedacinho sentimental de mim para absorver tudo a minha volta. O cheiro do perfume, o contato da pele, o vento zunindo, o ronco do motor acelerando e o preenchimento que aquela relação me dava.
Primeiro dia: minha cama parecia uma nuvem quando me deitei nela e ele me fez sonhar.
Claro, voltamos a nos ver. Estava sendo tratada como uma princesa, por mais cafona que a expressão pareça. Era como se só existíssemos nós dois e nosso momento. O Bruno foi o melhor homem da minha vida, porque foi o único que soube cuidar de mim como uma mulher merece.
Nos chamávamos por apelidos carinhosos e ele sempre inventava um nome engraçado e marcante. Algo único, que só ele me chamaria. Nos tocávamos como adolescentes sem malícia e ousadia. Ele nunca avançou o sinal, nem me tratou como vagabunda. Sempre me respeitou como se fosse sua namorada oficial e ele dizia que eu era, de uma forma ou de outra.

Tenho tantas coisas boas para lembrar que as ruins ficaram esquecidas. 

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