terça-feira, 5 de março de 2013

2.4 - E como uma segunda pele...



“Eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que eu não sei o nome. Cores de Almodóvar, cores de Frida Kahlo. Cores!... Eu quero chegar antes, prá sinalizar o estar de cada coisa, filtrar seus graus... Eu ando pelo mundo divertindo gente, chorando ao telefone... Transito entre dois lados, de um lado eu gosto de opostos. Exponho o meu modo, me mostro. Eu canto para quem?... Meu amor cadê você? Eu acordei, não tem ninguém ao lado...”
                                                                                                      (Adriana Calcanhoto) 

Aos 12 anos tive minha segunda experiência homossexual, com uma vizinha da minha avó paterna. Confesso que esqueci seu nome. Poderia inventar um, como até já tinha feito, mas se não me lembro, não deve ter tido uma relevância significativa para ser colocada no livro, além do fato de ser mulher e ter me feito gozar gostoso. Isso, por si só já é mais do que um motivo convincente.
Também foi influenciada pelas minhas ideias brilhantes. Meu poder de persuasão já era muito bom. Ou quem sabe tomei a iniciativa de algo que ela também pensava em fazer, embora lhe faltasse coragem? Vai saber. O que mais encontrei pela vida foi gente covarde, que fica se escondendo atrás de um amontoado de máscaras e roupas e posturas sociais que se desmancham quando as portas são fechadas. Enfim, pausa na lição de moral. Voltemos à (es)história.
Ficamos amigas e sempre a via quando visitava minha avó nas férias ou feriados prolongados. Estávamos brincando de casinha no quintal da casa dela, do tipo onde se deve ter o pai e a mãe. Lembro vagamente que éramos um casal e eu fazia o papel do homem. (Não sei por quê. Nem gosto tanto assim de ser ativa). Ela, obviamente, da mulher e sua irmã menor, não menos obviamente, da nossa filha. Demos um selinho (nem tão óbvio assim) que eu iniciei, mas que ela retribuiu sem neuras. Tanto, que logo se transformou em beijo de língua.
Não gostei, porque ou ela abria muito a boca, deixando a saliva escorrer pelos cantos (sempre alguém me babando) ou enfiava demais a língua, me fazendo ter ânsias de vomito. Logo imaginei que deveria ser a primeira vez que beijava alguém. Mas a impressão que tive é que ela havia gostado principalmente pelo que sucedeu numa próxima oportunidade.

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