segunda-feira, 19 de novembro de 2012


"Contradições de uma história mal escrita" poderia ter sido um título interessante dessa obra de arte. Condensa minha incoerência mental, com a certeza de não ter alcançado excelência escrita para me aventurar por essas linhas. Realça, ainda que subliminarmente, a vocação de ouvir músicas reflexivas e fazer palavras cruzadas como passatempo viciante. O que as palavras cruzadas têm a ver com isso? Não sei, nem subliminarmente falando.
Desde os 14 anos escrevo livros. Antes disso já viajava em rimas. Ápice do romantismo que habitava meu peito. Comecei com rabiscos de um caderno e um amor impossível pelo Fábio. (Impossibilidades me fisgam de uma maneira impressionante). Escrevia a lápis, já sabendo que deveria revisar o texto.
Ganhei uma máquina de escrever da minha mãe, mas não usava. Não tinha segurança nas palavras ou sentimentos que traduzia em junções de letras. Hoje em dia a segurança ainda não é parceira, mas existe no meio da sala um exemplar antigo de PC. Apertar o backspace ou o delete caso ache necessário chega a ser excitante. Tecnologias que odeio a favor da facilidade.
A motivação em escrever sobre o Fábio acabou nas primeiras 20 páginas, junto com o "amor". Ínfimo, rasgado e queimado numa fogueirinha particular, dentro de um vaso de barro que havia na estante. De lembrança, apenas as marcas escuras no vaso, uma comida de rabo de mamãe pelo estrago ao seu bem material e a tristeza de ter posto fim ao meu primeiro grande futuro best-seller.
O fim do amor foi um alívio.
Aos 17 anos iniciei outro livro-futuro-grande-best-seller. Inacabado. Outra autobiografia surreal, moldada nas entrelinhas da minha imaginação fértil. "Nada melhor que um rock" era o título. Hoje sei que era piegas e brega o que escrevi, mas de acordo com Fernando Pessoa ou Álvares de Campos, tanto faz, o amor tem suas ridicularidades.
Quem nunca escreveu cartas de amor ridículas? (Vamos, não perca a oportunidade de atirar a primeira pedra). Dei minha alma ao Sandro, como quem a vende a um Diabo de olhar penetrante, boca vermelho-sangue, frases serenas e trejeitos elegantemente hostis. Sem falar no pau ereto, sempre a minha espera. Pronto para o ataque.
Com hostilidade apertei o delete. Esvaziei a lixeira e lá se foram o rock, as palavras, a “breguice”, os sentimentos despejados e a precariedade da história e do amor que sentíamos um pelo outro. Fiz com o livro e com ele. Delete e pronto. Sem choro, sofrimento ou qualquer tentativa de recuperação. Delete, uma dose de Juliana e adeus Sandro, junto com todo lixo que essa história tinha juntado. Remexer essas quinquilharias é tarefa para mais tarde, mais linhas e mais cigarros e vodkas para aguentar.
Num canto escuro, existia o back-up. Alternativa de recuperação? Não tenho certeza. Talvez possa vir a ser outro início, de uma nova descoberta, uma nova história.

Nenhum comentário:

Postar um comentário